O que eu preciso saber sobre transporte internacional de alimentos?
A logística global está cada vez mais automatizada, com soluções que agilizam e garantem a qualidade do produto. No transporte internacional de alimentos, a atenção é ainda maior, principalmente para os perecíveis.
Com a demanda mundial crescente, o Brasil vem se destacando cada vez mais no setor, não somente na exportação, mas também como um grande consumidor de produtos importados.
Por se tratar de transporte de produtos para consumo humano, existem diversas exigências sanitárias e aduaneiras que podem variar de acordo com o país. É preciso atender essas exigências, prezando o bem-estar e saúde da população.
Além disso, alguns produtos possuem particularidades tanto no transporte quanto no local apropriado para armazenamento. Pode-se reduzir e evitar muitos riscos ao operar com análises prévias e principalmente com a documentação correta.
Neste artigo iremos ressaltar os principais pontos de atenção para que o processo de transporte internacional de alimentos da sua empresa seja ágil e eficiente.
Como a indústria alimentícia movimenta a balança comercial?
O Brasil é um país rico em recursos naturais e está entre os maiores produtores e exportadores de commodities do mundo, tendo a soja como seu carro-chefe. O agronegócio no país encontra-se em ascensão, abrindo novos mercados e parcerias no comércio internacional.
Existe ainda a diferenciação entre os produtos perecíveis, que já estão prontos para consumo e necessitam de refrigeração para manter sua conservação (como frutas, peixes, carnes) e produtos não perecíveis, que são os industrializados e que possuem maiores prazos de validade (como macarrão, arroz, farinha de trigo).
A exportação de frango para o mercado asiático e árabe também vem numa crescente. Nestes casos, o Brasil precisa atender aos requisitos sanitários internacionais dos países importadores.
Através da produção de alimentos, o país gera diversos serviços, desenvolvendo a economia e gerando empregos. De acordo com dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), em 2023, o agronegócio representou 24,1% do PIB.
Além das exportações, as importações têm tido destaque, como a importação de carnes do Mercosul e pescados da Ásia e salmão fresco do Chile.
Importação e exportação de alimentos
Os requisitos para importação e exportação de alimentos são rigorosos e necessitam passar por análises críticas documentais e laboratoriais. Muitos produtos de origem animal necessitam de algumas análises microbiológicas para comprovação de ausência de parasitas, como o caso de salmonela.
Para outros alimentos, como batata pré-frita e outros itens industrializados, há menos exigências, devido aos menores riscos que apresentam.
Documentos necessários para importar e exportar alimentos
A documentação é fundamental para que o processo não atrase. Afinal, atrasos acabam gerando custos extras ou até mesmo podem provocar a devolução da mercadoria.
A listagem de documentos obrigatórios irá depender do tipo do produto. Porém, os mais comuns são:
- commercial invoice;
- packing list;
- conhecimento de embarque;
- certificado de origem;
- certificado sanitário internacional (CSI);
- certificado de qualidade;
- declaração de lote;
- registro junto ao DIPOA (Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal).
Ademais, podem surgir exigências de outros documentos específicos, de acordo com o tipo de produto. No caso das exportações, é importante que o exportador apresente os documentos de acordo com os requisitos do país de destino.
Licenciamento
O transporte internacional de alimentos importados também exige autorização prévia. Os alimentos poderão ter anuência da ANVISA ou do MAPA, para os casos de alimentos de origem animal e vegetal.
O MAPA (Ministério da Agricultura e Pecuária) é o órgão regulador “responsável pela gestão das políticas públicas de estímulo à agropecuária, pelo fomento do agronegócio e pela regulação e normatização de serviços vinculados ao setor.”
A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) é responsável por estabelecer e fiscalizar normas e padrões de qualidade, garantindo a segurança dos alimentos.
No caso de alguns produtos, pode-se exigir a licença de importação prévia ao embarque.
Tratamento administrativo
Na importação de alimentos de origem animal, o produtor estrangeiro deverá ter o seu produto registrado junto ao DIPOA, com todas as informações sobre o produto, embalagem e processo produtivo.
Alguns produtos irão passar por análises laboratoriais, como vinhos, azeites e produtos de origem animal.
Produtos como a farinha podem necessitar de expurgo para eliminar parasitas, como insetos. É importante ter um armazém apropriado, sem umidade para garantir a qualidade dos alimentos.
Além disso, a rotulagem deve seguir os padrões exigidos de acordo com cada órgão anuente.
Agenciamento de carga internacional
Deve-se acompanhar e monitorar a logística, a fim de garantir a qualidade no manuseio e armazenagem apropriados. O agenciamento deve ser feito com empresas que possuem conhecimento nesse tipo de mercadoria e que consigam instruir o importador ou exportador com as melhores práticas.
Através deste serviço, o importador ou exportador poderá otimizar seus processos logísticos através da distribuição e transporte, recebendo as melhores opções de preços e tempo de trânsito necessário, de acordo com as rotas existentes.
Além disso, terá follow-up diário, através de ferramentas digitais com o status da mercadoria e prazo de chegada.
Como gerir um processo logístico internacional de alimentos?
A cadeia de suprimentos é extensa, com diversos riscos envolvidos, principalmente quando se trata de transporte internacional de alimentos perecíveis e com controle de temperatura.
A gestão deve ser feita de forma minuciosa e com bom alinhamento entre os envolvidos. A implementação de KPIs (indicadores de desempenho) é uma das melhores alternativas existentes para mitigar os riscos e avaliar todos os procedimentos de forma detalhada.
Entender as exigências e aplicações para cada modal antecipadamente irá proporcionar maior sucesso da operação, evitando atrasos e custos não considerados previamente no processo.
Transporte internacional aéreo de alimentos
O transporte aéreo possui um custo maior no frete. Este modal é utilizado principalmente para cargas pequenas ou urgentes.
No caso de alimentos refrigerados e congelados, apresenta um grande risco de avaria, devido ao controle de temperatura. Em geral, as aeronaves não possuem um compartimento refrigerado. Sendo assim, é preciso posicionar o produto numa caixa térmica com gelo seco ou manta térmica.
Existe também um contêiner pequeno, próprio para volumes menores, que mantém a temperatura por mais tempo. É importante que, após a chegada no aeroporto, a carga vá direto para o freezer. Por isso, esta instrução deve estar detalhada no AWB (conhecimento de embarque).
Transporte internacional marítimo de alimentos
Os embarques por via marítima possuem menor custo de transporte. O Brasil é um país que exporta muita carga congelada e importa em menor quantidade. Dessa forma, a importação de alimentos congelados em contêiner reefer se torna mais barata do que a de carga seca em contêiner do tipo DRY.
No porto, o contêiner reefer ficará todo o tempo de estadia plugado na tomada e o relatório de temperatura poderá ser disponibilizado ao importador ou exportador.
Ademais, alguns alimentos, mesmo que não sejam congelados, precisam de refrigeração, pois o contêiner pode chegar a altas temperaturas, fazendo com que o produto perca qualidade, como no caso do azeite, por exemplo.
Transporte rodoviário internacional de alimentos
Esse modal é mais utilizado para o transporte internacional de alimentos no Mercosul, devido às distâncias percorridas.
As cargas refrigeradas ou congeladas devem ser estufadas corretamente, com espaço entre as caixas para que o resfriamento consiga manter a temperatura em toda a carga.
Ao chegar na fronteira, a temperatura deverá apresentar a mesma informada nos documentos. Caso a carga seja de origem animal e esteja fora da temperatura padrão, o MAPA poderá rechaçar a carga ou até mesmo solicitar a sua destruição.
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O transporte internacional de alimentos exige uma logística adequada e estruturada, para que tudo ocorra dentro dos padrões estabelecidos. Por isso, operar com um bom parceiro logístico é fundamental para garantir o sucesso da operação.
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